Tokugawa e seus descendentes governaram um Japão pacífico por dois séculos e meio. Nesses tempos de paz, o poder dos samurais declinou gradualmente, mas foram dois fatores específicos que os levaram à ruína definitiva: a urbanização do Japão e o fim do isolacionismo.
À medida que mais japoneses se mudavam para as cidades, havia menos fazendeiros para produzir o arroz necessário para alimentar a crescente população. A vida luxuosa desfrutada pelos xoguns e muitos daimyos começou a se desgastar nesse sistema econômico. Muitos japoneses, inclusive samurais de classes mais baixas, começaram a ficar insatisfeitos com o xogunato devido às difíceis condições econômicas.
Foto cortesia de Japanese-Armor.com
Reprodução de peças de Takeda Shingen - capacete de batalha e máscara
Em 1853, navios dos EUA entraram na baía de Edo. O comodoro Matthew Perry havia chegado para entregar uma mensagem do presidente Millard Fillmore ao imperador (que ainda existia como uma autoridade simbólica, ainda que, na realidade, fosse o xogum que governasse o país). Fillmore queria abrir relações comerciais com o Japão, desejava que os marinheiros americanos fossem bem tratados pelos japoneses e propunha abrir o Japão como um porto de reabastecimento para navios americanos. Perry entregou a sua mensagem, disse aos japoneses que retornaria em alguns meses e partiu.
Como conseqüência da visita de Perry, o Japão se dividiu. Alguns queriam recusar a oferta americana, manter o isolacionismo e ficar com suas tradições. Mas outros perceberam que o Japão nunca poderia resistir à melhor tecnologia dos ocidentais. Eles propuseram a abertura do Japão para aprender tudo que pudessem sobre os americanos, para que saíssem de seu isolamento e se tornassem uma potência mundial. No final, o bakufu decidiu abrir os portos japoneses para reabastecimento de navios americanos e, posteriormente, para o comércio.
O imperador negou-se a concordar com o tratado, mas como era apenas uma figura simbólica não conseguiu impedir que o bakufu o levasse adiante. Vários grupos de samurais rebeldes, que queriam que o Japão preservasse as tradições, apoiaram o imperador e iniciaram uma guerra civil contra o bakufu. Surpreendentemente, eles depuseram o xogum, terminando o período Tokugawa e restaurando o poder do imperador. Samurais de classes mais baixas tomaram posições de liderança, controlando o governo do novo imperador um jovem garoto que era chamado Imperador Meiji. Este evento foi conhecido como a Restauração Meiji.
Foto cortesia de Japanese-Armor.com
Katana prática Hanwei (direita) e espada japonesa Wakizashi
O poder foi tirado dos daimyos à medida que o governo desapropriava suas terras. Sem ninguém para pagar os muitos samurais, o governo decidiu lhes entregar títulos baseados na sua categoria. Isso afetou os samurais de baixo e alto escalão de formas diferentes, mas teve o mesmo resultado para ambos: eles usaram os títulos para investir em terras ou iniciar um negócio ou então perceberam que não tinham renda suficiente para se sustentar e retornaram para o campo como fazendeiros e para as cidades como trabalhadores. Os samurais não tinham mais função no Japão.
Finalmente, em 1876, o imperador baniu o uso de espadas pelos samurais, levando à criação de um exército de reservistas. Os samurais já não existiam mais. Embora tenha havido algumas rebeliões de samurais em províncias afastadas, aos poucos todos foram adotando novas funções na sociedade japonesa, enquanto seu país entrava na Era Industrial.
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